VESTIDO DE SÔNIA: MÚLTIPLAS REPRESENTAÇÕES FEMININAS


Vestido de Sônia: Thomaz Tobias, estudante de Teatro/UFMA

A manhã do terceiro dia do II Festival de Teatro Universitário Ponto de Vista: Para Além da Cena foi marcada pelas performances teatrais. Dentre os vários espetáculos, que abordavam temáticas diversificadas, ‘’Vestido de Sônia’’ possibilitou uma reflexão sobre as múltiplas personalidades da mulher.

Cortejo Vestido de Sônia na Rampa do CCH/UFMA
“Vestido de Sônia” trata-se de um cortejo, onde os atores caminham vestidos de noiva e cantam ao som de um tambor. Com performatividade intensamente dramática, os sete atores percorreram do Centro de Ciências Humanas da UFMA e fizeram paradas em locais movimentados, chamando atenção dos universitários para os diálogos desesperados e expressões dramáticas.  O espetáculo é fruto de leituras teatrais das obras Valsa Nº6 e Vestido de Noiva, ambas do famoso dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues, trabalhadas na disciplina História do Teatro II, do curso de Licenciatura em Teatro, da Universidade Federal do Maranhão.

Ao longo das quatro paradas propostas pelo cortejo, os atores interagiram com o público e apresentavam suas diferentes personagens. Vestido de Sônia acosta-se nas agonias e sofrimentos interiores do mundo feminista, seja por um amor perdido ou por uma traição, revelando a metamorfose e múltiplas tarefas que são “impostas’ à mulher”.

Confira entrevista com os atores do espetáculo:

Última parada do Cortejo Vestido de Sônia (Restaurante Universitário/UFMA)
FESTIVAL: Quem é Sônia?

Marcelo Augusto: “Sônia é uma personagem da peça de Nelson Rodrigues chamada Valsa Nº 6, mas as nossas personagens apresentam, cada uma, uma característica de uma Sônia. A minha Sônia, por exemplo, é uma que ficou louca ao ser deixada no altar.”

FESTIVAL: Como surgiram as Sônias? Como funcionou o processo de criação das personagens?

Renato Guterres: “Na verdade nós tínhamos bastante liberdade para criá-las. Todos nós montamos a sua própria. O que não podíamos perder era a essência das personagens, já que a gente se baseou na Sônia e na Alaíde (ambas protagonistas das peças de referência). Nós pegamos como característica da Alaíde, por exemplo, o fato de ela ser noiva, e da Sônia pegamos o nome. Foi tudo muito aproveitado.”.

Thomaz Tobias: “A minha personagem, por exemplo, era muito pecaminosa, por isso que eu coloco o terço cristão na boca e em alguns momentos eu chego a fingir uma masturbação com ele. Fiz isso para chocar, para chamar atenção para o lado pecador da minha Sônia.”.

FESTIVAL: E quanto à trilha sonora? Pois o cortejo tinha como trilha a cantiga de roda “Se essa rua fosse minha”.
Vestida de Sônia: Eduarda Milena, estudante de Filosofia/UFMA


Thomaz Tobias: “Nós a usamos porque ela fazia parte da peça Valsa Nº6 e nós resolvemos manter esse detalhe, já que é uma cantiga que todo mundo conhece e remete à infância. Ela serve para nos aproximar mais ao público.”.

FESTIVAL: Qual a mensagem da performance?

Stephanny Moura: Na verdade a mensagem era realmente o caos. Era mostrar todas as Sônias alteradas falando ao mesmo tempo, para confundir e chamar atenção para elas. A mensagem varia de cada pessoa, do que cada um captou.



Fonte: Leonardo Maluf e Maurício de Paula
Foto: Edu Aguiar


Proxima
« Anterior
Anterior
Proxima »
Obrigado pelo seu comentário